Do reciclável ao essencial: reflexões do ExpoCatadores ao Natal Solidário

 


Durante 24 anos de atuação como jornalista, sendo 11 deles respaldados por minha formação acadêmica, vivi inúmeros momentos marcantes. Como repórter, tive a oportunidade de vivenciar com o corpo, mente e alma cada história nas comunidades da minha terra natal, Coari, localizada às margens do rio Solimões, a 363 km de Manaus, bem como em outras cidades como Codajás, Iranduba, Presidente Figueiredo, Manacapuru, Rio Preto da Eva, Careiro da Várzea e Novo Aripuanã, no interior do Amazonas.  

Em todas essas cidades, a pobreza sempre foi um cenário recorrente nas comunidades, mas algo se destaca em meio às dificuldades: a nobreza dos mais humildes em compartilhar o pouco que têm, a hospitalidade calorosa e o desejo inabalável por dias melhores.

Essas memórias voltaram à tona em um dos momentos mais sensíveis da minha vida: o cuidado com a saúde de uma familiar muito próxima, algo que compartilho apenas com minha mãe. Ela é uma pessoa nobre de coração gigante. Vivemos altos e baixos, mas sinto a presença constante de Jesus, me amparando e confortando em cada fase. Acredito que ainda vamos vencer.

Atrelado a tudo isso que vivi e vivo e na correria do meu dia-a-dia participei do ExpoCatadores 2024, a convite da Associação Brasileira de Jornalismo Digital (Ajor). Foi uma experiência transformadora em um espaço de grande relevância para a reciclagem no Brasil. Lá, estive ao lado de cooperativas, homens e mulheres que, diariamente, tornam o mundo um lugar melhor. 

O evento proporcionou um dia repleto de aprendizados, com doações de brindes, refeições de qualidade, momentos de beleza, palestras, painéis de debates, feiras de negócios e oficinas que enriqueceram o conhecimento e a experiência de todos os presentes.

Caminhando pelo evento, conversei com profissionais que falavam com orgulho da profissão. A união e o esforço individual desses catadores para melhorar o meio ambiente e as comunidades fazem desse trabalho algo digno de reconhecimento, prêmios e aplausos de toda uma sociedade. Senti orgulho de me fazer presente nesse momento.

No dia seguinte, participei do Natal para Geral 2024, coordenado pelo padre Júlio Lancellotti, uma das figuras mais queridas do Brasil. Ele, junto uma grande família pastoral, realiza um trabalho extraordinário com pessoas em situação de rua. Estar ali por algumas horas foi como chegar em um jardim florido, cercada de amor ao próximo.

Levei minhas doações, mas a experiência me deu muito mais do que doei. Ao almoçar ao lado dessas pessoas, ouvi histórias incríveis, como a de João, que deixou o Nordeste em busca de um grande amor, perdeu tudo e acabou em situação de rua, mas que não desiste de se reerguer. Ou a de dona Maria, que, fugindo de abusos em uma casa de família, encontrou nas ruas um lugar onde não se sente oprimida. São tantos rostos e histórias que meu coração ficou aquecido e cheio de gratidão.

Mas o que essas experiências têm a ver com o início desta história? Muita coisa. Elas me conectaram de novo com as comunidades, com as realidades que muitas vezes passam despercebidas. Reafirmou meu compromisso em refletir, sentir, ouvir, enxergar a verdade nos olhares, os sonhos e o amor e fazer a minha parte. Porque aquele que está lá em cima, que deu a vida por nós, esteve e estará entre essas pessoas. 

Ele se faz mais presente entre aqueles que têm pouco, mas carregam tudo que realmente importa, o amor.

Feliz Natal e que 2025 seja de amor para todos.

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